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Foto do escritorAlberto Moby Ribeiro da Silva

LAGOS ANDINOS V: SAN MARTÍN DE LOS ANDES

Atualizado: 30 de jun. de 2023

Conhecer San Martín de Los Andes foi mais uma dessas experiências ao acaso que se dão muito mais do que esperamos delas. Minha intenção original era conhecer Pucón, no Chile, e San Martín de Los Andes era uma cidade na qual decidi parar por uns dias apenas por estar no meio do caminho. No entanto, essa parada despretensiosa se revelou uma grata surpresa.


Aliás, a viagem em si, um trajeto de 262 km percorrido em ônibus de linha, partindo de Bariloche, já foi um presente. Fizemos o trajeto, de cerca de cinco horas, com uma pequena parada em Junín de Los Andes, um pouco mais ao norte de San Martín, pela Ruta Nacional 237 até a localidade chamada Corral de Piedra (132 km), depois pela Ruta Nacional 234 (57,5 km), até encontrar a Ruta Nacional 40 até Junín (31 km) e de lá, ainda pela RN 40, até San Martín (41,5). Nesse percurso, nosso ônibus margeou longos trechos dos rios Negro, Collón Curá e Chimehuin, em cujas margens desfilavam paisagens simplesmente deslumbrantes. Foi uma pena não estarmos em veículo particular para fazer paradas estratégicas, pelo menos para conseguir belas fotos. Todas as imagens abaixo foram tiradas com um smartphone Motorola Moto G3 ou com uma precária câmera portátil Nikon COOLPIX S5300 com o ônibus em movimento!



Como disse antes, San Martín de Los Andes se revelou um encanto. Ela é tudo o que se pode esperar de uma cidadezinha perdida na montanha, com casas baixas construídas em pedra e madeira e clima de cidade pequena, mas tem de bônus o belíssimo Lago Lácar, o Lago Lolog, a cerca de 17 km (que não visitei), além de bosques e montanhas de tirar o fôlego.


O Lago Lácar – o mais famoso, talvez porque San Martín se debruça sobre suas margens – é o último (ou, se você preferir, o primeiro) dos lagos da famosa Ruta de los 7 Lagos, composta por um emaranhado de lagos encravados na Cordilheira dos Andes na fronteira entre Argentina e Chile. Mas, na verdade, apesar do nome, é possível ver vários outros lagos na Rota dos 7 Lagos. Oficialmente, os sete lagos são: Lácar, Machónico, Villarino, Falkner, Escondido, Correntoso e Espejo Grande. Aqui e abaixo, duas imagens que dão uma pálida ideia do Lácar.



Não sei qual foi a lógica que determinou que esses sete lagos devam ser considerados um conjunto, já que na região há vários outros, dos mais variados tamanhos, tanto em território argentino quanto chileno, como, por exemplo, o Hermoso, o Traful, o Espejo Chico e o Nahuel Huapi (Argentina) e Pirihueico, Maihue, Ranco, Todos Los Santos, Rupango e Llanquihue (Chile) – só para citar os mais famosos. Aliás, não podemos nos esquecer de que essa região é conhecida como Lagos Andinos. Uma simples olhada num mapa da região nos dá uma pálida ideia da sua complexidade e riqueza.


Lago Llanquihue, visto de Puerto Varas, no Chile


Lago Falkner visto da Ruta 40, no ponto em que se liga ao Lago Villarino


Lago Nahuel Huapi visto de Bariloche


Depois de um passeio de reconhecimento pelo centro, com uma parada obrigatória na Plaza San Martín para observar o movimento, recomendo alguma atividade que tenha como atração central o belíssimo Lago Lácar. No píer do Lago Lácar, é possível alugar caiaques ou contratar um tour de barco a Quila Quina.



Villa Quila Quina (abaixo) fica a 30 minutos de barco saindo do porto de San Martín ou a apenas 18 km de carro por boas estradas. Essa comunidade tem vários elementos sedutores tanto para os locais quanto para turistas: praia, esportes aquáticos, caminhadas, camping, gastronomia e muita natureza. Quem optar por ir de carro deve saber que essa área pertencente à comunidade indígena mapuche Curruhuinca e que terá uma panorâmica de cenários inesquecíveis.



Mas é muito importante ter extrema cautela ao volante, A estrada é acidentada e cheia de curvas. Se você chegou a San Martín vindo de Bariloche ou Villa La Angostura de ônibus ou de carro, provavelmente vai preferir fazer esse trajeto e desfrutar de mais vistas esplêndidas da Cordilheira dos Andes e do Lago Lácar em mais um trecho da famosa Ruta 40. A praia mais próxima do centro de San Martín é Catritre (abaixo, foto do blog Carioca Sem Fronteiras), que fica a 5 km, na mesma rota que leva a Villa Quila Quina. No verão, dá pra fazer o trajeto de ônibus. Pra quem vai de carro, é importante lembrar que o estacionamento é pago. Muita gente também vai pedalando, mas é importante saber que não existe ciclovia e que o trajeto é feito pelo acostamento da estrada.



Além dessas duas praias, o Lago Lácar, que tem uma área de 55 km², oferece várias outras atrações, como o passeio de um dia até Hua Hum, num roteiro que passa pelo Parque Nacional Lanín em direção à Pampa de Trompul que é parte do território da comunidade mapuche Cayún, onde está localizado o imponente pico do Cerro Colorado, a cerca de 10 km de San Martín. O passeio segue para a Península de Yuco, com uma praia cercada por árvores de murta. A parada seguinte é Hua Hum, por onde se escoa a água do lago em direção ao Chile, para desaguar no Oceano Pacífico. De lá se pode fazer uma caminhada de cerca de 30 minutos até a Cachoeira Chachin, com uma queda d’água de 20 metros de altura que desce até uma piscina de água verde clara. Importante: os tours de barco que saem do píer do Lago Lácar funcionam o ano todo. Durante o verão, anoitece tarde: os dias duram até por volta das 22h.

Além das atividades mais diretamente ligadas ao Lago Lácar, é possível fazer vários passeios pelos bosques e montanhas da região: cavalgadas, caminhadas, mountain bike etc. Se sue visita for no inverno, no Parque de Montaña Miramás, a cerca de 15,5 km a leste de San Martín, a atração é um circuito combina tirolesa com trekking (no inverno, com tubing).



Já o Cerro Chapelco é a grande atração da estação. São 17 km do centro de San Martín até lá, o que significa uns 35 minutos com a estrada boa, ou 1 hora se houver muita neve. As agências locais oferecem traslado. Para quem prefere dirigir, é preciso tomar cuidado. Muitos trechos não têm proteção, e grande parte dos acidentes é causada por motoristas que nunca dirigiram nestas condições. Em Chapelco há pistas de esqui de todos os níveis, para todas as idades, passeios de moto de neve, trenó e caminhada com raquetes. Crianças a partir de 3 anos já podem participar de atividades recreativas, e o serviço de babá atende os menorzinhos.



A quem se interessa pelo golfe, a opção é o campo do Chapelco Golf & Resort, que tem um visual de tirar o fôlego.



O passeio pela Rota dos Sete Lagos é preferível no verão, mas ficou mais acessível durante o inverno depois de 2015, quando a estrada, que era de cascalho, terminou de ser asfaltada. ONDE FICAR Na nossa primeira viagem, em 2016, alugamos um apartamento num ponto bem central da cidade, na Av. San Martín, em frente à Plaza San Martín, cujo proprietário se chamava... Martín. O centro, aliás, tem dez por dez quarteirões, tendo a praça como ponto central. A circulação de veículos é praticamente nenhuma e, além disso, todo motorista para pra permitir a travessia de pedestres. Nessa região estão bares, restaurantes e lojas. Ao final das Avenidas San Martín, General Villegas ou Gabriel Obeid você chega à Av. Costanera, que margeia a única praia urbana do Lago Lácar.


Hostería Las Walkirias

Trecho da fachada do Hospital Regional Ramón Carillo, na esquina da Av. San Martín com Coronel Rhode


Igreja de São José, na esquina da RN 40 com Capitán Drury


No ano seguinte optamos por um quarto – bstante confortável – na Calle Los Robles (abaixo), uma rua tortuosa que nasce na Av. Perito Moreno, uma das artérias da cidade, e serpenteia por um pequeno serro, a cerca de 1,5 km da Plaza San Martín. A bonita casa e a calorosa acolhida da anfitriã Carla, seu filho e seu companheiro nos fizeram sentir, mais ainda dessa segunda vez, como se San Martín fosse nossa casa.



Mas se você não gosta do sistema Airbnb, as hosterías têm tudo a ver com o estilo pacato da cidade e estão por toda parte. Entre as bread & breakfast, a mais bem cotada no Trip Advisor e Booking é a La Posta del Cazador. Entre as top, a Hostería Antares. Outra sugestão é a Hostería Las Walkirias (ver foto acima), na esquina de General Villegas com Capitán Drury, que me pareceu bastante acolhedora e em conta. Existem também vários albergues, apart-hotéis e cabanas para alugar.

Fora do centro, quem procura descanso e tranquilidade pode optar pelo Río Hermoso, um hotel boutique bastante charmoso. O inconveniente é que ele está a cerca de 28 km do centro da cidade e você vai precisar de carro. Bem mais perto, a 5 km, fica a Arrayán Hostería de Montaña y Casa de Té também é rodeada de natureza. Da varanda de suas suítes se tem uma bela vista do Lago Lácar. Os preços são bons, mas a pousada é bastante simples; são apenas quatro quartos em uma cabana.

O Loi Suites Chapelco, dentro da área do Chapelco Golf, é bastante confortável, com uma vista linda para Chapelco Chico. Tem mais a ver com quem prefere hotéis maiores, com mais serviços, tipo spa, academia, piscina, restaurante, mas sem perder a elegância.

ONDE COMER Na Av. San Martín e na Calle General Villegas existem vários restaurantes, cafés e bares – uma oferta realmente grande para o tamanho de San Martín. As especialidades da região são os defumados e as carnes de cervo, javali e truta, em variados preparos. O cervo agridoce do restaurante Ku, feito na parrilla e com frutas vermelhas locais, é uma delícia. Outra tradição são as picadas – um tipo de tábua de frios. A do El Regional é bem farta – dá para dividir em 4 pessoas – e traz defumados caseiros de todo tipo. O El Regional também oferece cervejas artesanais. Recomendo a Lácar, que, como o nome já diz, é feita em San Martín.

Outra opção é o Restaurante Posta Criolla, que oferece comida regional da Patagônia, com destaque para o cordeiro e o cervo. Além disso, tem uma carta de vinhos variada e preços honestos.


Imperdível também é o restobar Tío Paco, na esquina da Av. San Martín com Capitán Drury. Tem uma arquitetura charmosa, uma ampla varanda no segundo piso, variadíssimas opções de snacks e comidas rápidas, além de uma bonita vista para o centro da cidade. Outra opção que nos agradou bastante foi o Restaurante Doña Quela, também na San Martín, em frente à Plaza Sarmiento. Sua estrutura original, do final do século XIX, em madeira pintada de azul celeste, com pequenas janelas talvez não deem a quem passa uma ideia precisa nem do seu charmoso interior ou de seu cardápio delicado e saboroso. Termino com esta última sugestão, entre tantas outras possíveis: o Restaurante La Nueva Barra, na esquina de Juez del Valle com Almirante Brown. Apenas a vista privilegiada para o Lago Lácar já valeria a visita, mas o javali com molho agridoce e gnoquis fritos e a truta com molho do amêndoas e batatas grisette foram inesquecíveis – e por um preço mais do que em conta.

A noite não é exatamente o forte da cidade, mas dá para encerrar o dia com uma cervejinha nos bares Downtown Matias e Dublin South Pub (abaixo), com uma bonita sacada onde acontecem shows em alguns dias da semana.



Espero ter demonstrado por A + B que San Martín de Los Andes é um desses destinos imperdíveis. Principalmente se você gosta de tranquilidade, paisagens deslumbrantes e excelente comida. Se você pretende visitar a Argentina, considere seriamente a possibilidade de visitar a região dos Lagos Andinos (ou melhor – para o lado argentino – de Los 7 Lagos). E, caso seja essa sua escolha, não deixe de reservar alguns dias para a encantadora San Martín.

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