Setúbal fica a pouco mais de 40 km de Lisboa, ou 34 km de Almada, no sentido sudoeste. Com uma área de 230,33 km² e cerca de 91 mil habitantes em seu perímetro urbano, desde 1926 ela é a capital do distrito de Setúbal.
Se você for a Setúbal de trem, saindo de Lisboa, vá até a estação Roma-Areeiro, perto da estação Areeiro do metrô, e pegue o comboio elétrico da Fertagus, linha Lisboa-Setúbal. O percurso dura cerca de uma hora, tem saídas de hora em hora, e o preço da passagem é € 4,55. De ônibus, a opção é a linha 755 da empresa Sul do Tejo, que faz o percurso a partir da Praça da Espanha, em Lisboa. A tarifa é de € 4,80. Na Praça da Espanha há uma estação do metrô (Linha Azul).
Parque de Luisa Todi
A Avenida Luisa Todi é a principal via de Setúbal. Possui um largo canteiro central de 1,3 km de extensão, todo ajardinado e repleto de monumentos. Seu entorno é repleto de bares, restaurantes e supermercados, lugar ideal para fazer uma caminhada e curtir o movimento. Nesta rua fica também o Mercado do Livramento, Casa da Baía, e Museu de Arqueologia, outros pontos turísticos da cidade.
Monumento à Resistência Anti-Fascista, de José Aurélio, 2005
Menina com Bicicleta, de João Duarte, 2020
Praça de Bocage
A Praça de Bocage é a principal praça do centro histórico de Setúbal. Seu nome foi dado em homenagem ao poeta Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (1765-1805), natural da cidade, que chegou a viver alguns meses no Rio de Janeiro, em 1786. A praça, que tem uma estátua do poeta no seu centro, é um importante espaço de convívio de moradores e turistas.
Igreja de São Julião
Na praça da Bocage fica a também Igreja de São Julião, fundada por pescadores no século XIII. Após sofrer com diversos terremotos, ela passou por várias reconstruções que alteraram sua aparência original, mas conservaram os portais de estilo manuelino. Ainda é possível admirar também os painéis de azulejos do século XVIII retratando cenas da vida do santo.
A Igreja de São Julião teve um papel importante na história de Setúbal, já que foi de lá que saiu a procissão de celebração do Tratado de Paz entre Portugal e Espanha, celebrado em 1688.
Convento de Jesus
A Igreja do antigo Mosteiro de Jesus ou Convento de Jesus de Setúbal é uma igreja de estilo gótico, considerada como um dos primeiros exemplos do estilo manuelino.
Foi construído em 1494 e é o primeiro trabalho do arquiteto Diogo Boitaca, responsável também pela construção do belíssimo Mosteiro dos Jerónimos de Lisboa. A estrutura da igreja, localizada na Praça Miguel Bombarda, é uma variação portuguesa do estilo gótico. É decorada com gárgulas e torres em espiral.
No mesmo ano de sua inauguração, o Convento de Jesus foi o local escolhido para a ratificação do Tratado de Tordesilhas, através do qual Portugal e Espanha dividiram o mundo. Posteriormente, acolheu as freiras de um ramo da Ordem Franciscana até 1888 e, mais tarde, abrigou o antigo Hospital do Espírito Santo até 1959.
Classificado como Monumento Nacional em 1910, acolhe desde o início da década de 60 do século XX as instalações do Museu de Setúbal, acervo com diversas coleções artísticas, arqueológicas, históricas e documentais de alto valor, algumas com dimensão internacional.
Devido a seu estado de degradação e consequente risco de ruína, o convento foi fechado em 1992. Depois de um longo período passando por trabalhos de estabilização e restauração, ele foi reaberto 23 anos depois, em 2015. Mas dois anos depois, em 2017, o Convento de Jesus foi novamente fechado para uma segunda etapa de restauração, que incluiu a recuperação da área dos claustros, a sala do capítulo, o coro alto e o entorno do convento. Finalmente, reabriu para o público em outubro de 2020.
Janeiro de 2019
Agosto de 2020, com um jardim novo
Claustro, na reinauguração, em 11 de outubro de 2020
Igreja do Convento em junho de 2021
Igreja de Santa Maria da Graça
A Igreja de Santa Maria da Graça (ou Sé de Setúbal) é a igreja matriz da cidade. Em seu entorno se desenvolveu o bairro medieval de Setúbal. Construída no estilo romano-gótico no século XIII e reconstruída na segunda metade do século XVI, a edificação atual possui uma imponente fachada maneirista. Em seu interior há colunas com afrescos, talha e azulejos dos séculos XVII e XVIII.
Foto: Victor Oliveira
Jardim Engenheiro Luís da Fonseca
Também conhecido em Setúbal como Jardim da Beira-Mar, o parque oferece um belo espaço para um passeio, caminhada, ou simplesmente contemplar a natureza. O local oferece belas vistas do Rio Sado e da Serra da Arrábida ao fundo. Há vários monumentos no local, áreas ajardinadas e uma árvore que parece uma escultura. (As fotos são de Francisco Oliveira, 2016)
Cais dos Pescadores
O Cais dos Pescadores (ou Doca dos Pescadores) de Setúbal é um ótimo local para observar o cotidiano do vai-e-vem de centenas de barcos de pesca. Há uma grande praça no local e nas duas ruas próximas, uma grande fartura de opções de restaurantes.
Foto: Jorge Soares
Museu de Arqueologia e Etnografia
O Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal foi fundado em dezembro de 1974 pela Junta Distrital de Setúbal, no contexto do processo de democratização de Portugal iniciado com a Revolução dos Cravos e abriu ao público em 1976. Conta com um grande acervo de artefatos arqueológicas e etnográficos encontrados na região, além de peças do Paleolítico e da Idade de Ferro. A entrada é gratuita e o museu abre de segunda a sábado, das 9 às 12:30 h e das 14 às 17:30 h. Mais informações no site oficial do museu de Arqueologia.
Parque Urbano de Albarquel
O Parque Urbano de Albarquel é uma área gramada e arborizada com áreas calçadas para caminhadas, playground e áreas de descanso. Possui 600 m de extensão e fica entre a Praia de Albarquel e a Praia da Saúde, no início da zona urbana de Setúbal.
Castelo de São Felipe
O Castelo de São Filipe (ou Forte de São Filipe) é uma construção no final do século XVI, época da União Ibérica, quando os reis da Espanha foram também reis de Portugal. O castelo se localiza entre a cidade e a Serra da Arrábida e seu terraço oferece belíssimas vistas da cidade de Setúbal. Além de sua beleza externa, em seu interior, cujo acesso é feito por um portão de armas a oeste nas muralhas, defendido por dois baluartes, um átrio dá acesso a um túnel de alvenaria de pedra com uma larga e suave escadaria com degraus em dois lances. Esta, por sua vez, é coberta por uma abóbada e o patamar entre os seus lances dá acesso às casamatas.
Logo na entrada do forte, à esquerda, fica a pequena Capela de São Filipe, cujo interior é completamente revestido por azulejos, onde se destacam painéis com cenas da vida do santo assinados por Policarpo de Oliveira Bernardes (1736). No interior do castelo também funcionam uma pousada e um bar aberto ao público. A visita ao terraço é gratuita.
Forte de Santiago do Outão
O Forte de Santiago do Outão (ou apenas Forte do Outão) fica na barra norte do Rio Sado. No passado, fazia parte da linha defensiva do trecho do litoral hoje conhecido como Costa Azul e que no século XVII se estendia de Albarquel a Sesimbra, complementando a defesa de Setúbal.
A mais antiga estrutura identificada no lugar era uma torre de vigia da costa, erguida por ordem de D. João I, Mestre de Avis (1385-1433), em 1390. Posteriormente, durante o reinado de D. Manuel I, O Venturoso (1495-1521), teria sofrido modificações. No reinado de D. Sebastião (1568-1578), recebeu novas obras, de modernização e ampliação (1572), época em que foi erguida uma cerca ao redor da torre primitiva.
Sob o reinado de D. João IV (1640-56), foram realizadas novas obras de modernização e reforço, no contexto de uma completa remodelação da estratégia defensiva do reino.
No século XIX, com a progressiva perda de seu papel defensivo, em função da evolução dos meios da guerra, o Forte de Santiago foi desartilhado, tendo as suas instalações sido reutilizadas como prisão. Mais tarde, em 1890, sofreu obras de adaptação para residência de veraneio de D. Carlos (1889-1908) e sua esposa, D. Maria Amélia de Orleans.
Por volta de 1900, devido às propriedades curativas do clima daquela vertente da Serra da Arrábida, como compreendido à época, procedeu-se à adaptação da real residência de veraneio para sanatório, quando foram erguidas instalações hospitalares no lugar das antigas casamatas. Nesse contexto, começou a transformação do forte em Sanatório Marítimo do Outão, voltado para o atendimento da tuberculose óssea e ganglionar. Provisoriamente recebeu crianças do sexo feminino, sendo o atendimento ampliado a crianças do sexo masculino e, posteriormente ainda, a mulheres.
A partir de 1909, o sanatório foi convertido em Hospital Ortopédico, função que conserva até hoje, com a denominação de Hospital Ortopédico Sant’Iago Outão.
Foto: Gabriel Lorenzi
Foto: Igiul, 2008
Mosteiro da Arrábida
Construído no século XVI, o Convento de Nossa Senhora da Arrábida, localizado na Serra da Arrábida, possui uma parte mais antiga, localizada na parte mais elevada da serra, e uma parte nova, em meio à encosta. O convento pode ser visto a partir da Estrada da Serra. As visitas ao convento acontecem às quartas, sábados e domingos, mediante agendamento. O ingresso custa € 5,00.
O convento abrange, ao longo dos seus 25 ha, o Convento Velho, situado na parte mais elevada da serra, o Convento Novo, localizado a meia encosta, o Jardim e o Santuário do Bom Jesus e, ainda, adjacentes ao convento, mas autônomos, os aposentos do duque de Aveiro e as casas onde eram alojados os peregrinos. De arquitetura austera, o convento praticamente não tem ornamentos. No seu interior destacam-se apenas algumas esculturas de santos e Cristos de terracota ou madeira, colocadas em nichos, os azulejos que ornam as capelas, e ainda os embrechados compostos de pedrinhas misturadas com conchas e cacos de faiança e usados na decoração de fontes, paredes, muros e capelas.
Em 1863, a Casa de Palmela adquiriu o convento, mas as obras só começaram nas décadas de 1940 e 1950. Quarenta anos depois, em 1990, o seu então proprietário optou por vender o convento e a área ao redor à Fundação Oriente.
Península de Troia
A Península de Troia é uma restinga arenosa com mais de 25 km de comprimento e 0,5 a 1,5 km de largura, no litoral da freguesia de Carvalhal, no concelho de Grândola, entre o oceano Atlântico (a oeste) e o estuário do Rio Sado (a leste).
Na parte norte da península podem visitar-se as ruínas romanas de um vasto complexo de salga de peixe, que se manteve em funcionamento entre os séculos I e o século VI.
Na Península existem belas praias, com águas transparentes e calmas, além de restaurantes e um cassino. Nas últimas décadas do século XX foram construídos em Troia vários empreendimentos turísticos, como o Soltroia e o Troiaresort. Dois terminais fluviais asseguram a ligação mais curta entre Troia e Setúbal, distante apenas 3 km: Cais Sul (ferries) e Ponta do Adoxe (catamarãs).
Estuário do Sado
Localizado a oeste de Setúbal, o Estuário do Sado é uma reserva da flora e da fauna ao redor do Rio Sado. É uma importante área protegida por ser área de nidificação, repouso e invernagem de muitas aves como os flamingos, as cegonhas e os patos assim, como área de desova e crescimento de muitos peixes e ainda do roaz-corvineiro, uma espécie de golfinho.
A reserva natural do Estuário do Sado é um local privilegiado para a proteção de espécies, mas também de observação de espécies, como a observação de aves, uma atividade muito popular. É um local para quem gosta do contato com a natureza, além de permitir a prática de algumas atividades como passeios de barco, a cavalo e canoagem.
Roaz-corvineiro (Foto: Peter Asprey, 2005)
Parque Natural da Arrábida e praias
O Parque Natural da Arrábida é o principal ponto turístico de Setúbal. A estrada da Serra da Arrábida corta o parque em sua parte alta, desvendando paisagens e mirantes que oferecem vistas incríveis. Já a estrada na parte de baixo leva a belíssimas praias de águas transparentes e calmas.
Além de Setúbal, o parque se espalha também por Palmela e Sesimbra. Seu ponto mais alto é o Pico do Formosinho, com 501 m de altitude. A Rodovia N379-1 corta a parte superior do parque, enquanto uma outra estrada, também pavimentada, corta a parte de baixo.
Como já havia dito anteriormente, todas as vezes em que estivemos em Portugal era inverno e, portanto, nunca pudemos desfrutar de suas praias, trazendo na memória apenas algumas de suas belíssimas paisagens. Apenas para registro, posso garantir aqui que, no caso de Setúbal, as praias, que ficam aos pés das montanhas da Serra da Arrábida, são de águas transparentes, a maioria em locais de natureza preservada, apenas com algumas construções. Num roteiro imaginário, partindo do centro da cidade – do Cais dos Pescadores, por exemplo– e destaco aqui algumas das mais famosas: Praia da Saúde, a única praia urbana de Setúbal, abaixo da Fortaleza São Filipe e ladeada por dois parques urbanos excelentes para caminhadas; Praia de Albarquel, ao lado do Parque de Albarquel; Praia da Comenda; Praia da Figueirinha; Praia de Galapos; Praia de Galapinhos; eleita, em 2017, a melhor praia da Europa; Praia dos Coelhos; Praia da Anicha e Praia do Monte Branco, contíguas; Praia do Creiro; Praia do Portinho da Arrábida; e Praia de Alpertucho.
Pra terminar, deixo aqui registrado que este relato tem a ver apenas com a minha experiência pessoal e não pretende ser um guia de viagem. Deixo também mapinhas com os roteiros que menciono no texto, a partir do Cais dos Pescadores ou de algum outro ponto central, pra que você tenha uma ideia de quanto terá que andar ou se locomover de transporte público, táxi ou por aplicativo. Torço pra que tenha sido agradável e já comece a te dar vontade de também visitar Portugal.
Passeando pela cidade
Forte de São Filipe
Forte de Santiago do Outão
Convento de Nossa Senhora da Arrábida
Península de Troia
Reserva Natural do Estuário do Sado
Praias
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