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  • Foto do escritorAlberto Moby Ribeiro da Silva

ALMADA - A VIZINHA DE FRENTE DE LISBOA

Atualizado: 3 de nov. de 2022



Se você chegou até aqui provavelmente tem vontade de conhecer ou já conhece Portugal. E, também provavelmente, pretende ir ou já foi a Lisboa, um dos destinos turísticos mais cobiçados atualmente. Mas nem todo mundo que quer visitar ou já visitou Lisboa se interessa por atravessar a Ponte 25 de Abril e ir até a outra margem do rio Tejo – a não ser que tenha como destino alguma cidade mais ao sul, em geral pelas belas praias do Algarve. Pois então: ao invés de falar de Lisboa, quero falar aqui de Almada, na margem oposta do estuário do Tejo. Meu motivo é pessoal, já que todas as vezes em que visitei o país essa cidade foi a minha base principal. Isso aconteceu graças à imensa generosidade, disponibilidade e carinho da amiga Luiza Tavares, portuguesa de Bangu (ou será carioca do Feijó?), que me ajudou a conhecer e a gostar muito dessa pacata cidade que é a vizinha de frente da encantadora Lisboa.


Almada é uma cidade pertencente ao distrito (divisão político-administrativa semelhante ao estado, no Brasil) de Setúbal, dentro da área metropolitana de Lisboa, com cerca de 95.000 habitantes. Ela é a sede do município (às vezes definido também como concelho) de Almada, com uma área de 70,21 km² e uma população de 177.400 habitantes, segundo o censo de 2021, subdividido em 5 freguesias (semelhante aos distritos das cidades do interior do Brasil, ou às regiões administrativas das nossas metrópoles).


O concelho é bastante antigo, tendo sido instituído oficialmente em 1190 pelo rei D. Sancho I, filho do rei D. Afonso Henriques, considerado como o fundador e primeiro rei de Portugal. Sua ocupação remonta à Idade Média, na época da ocupação muçulmana na Península Ibérica. Estrategicamente localizada na margem esquerda do Tejo, ao lado de Lisboa, seu atual nome vem de al-Madan (mina de ouro ou prata, em árabe), aludindo à atividade extrativa mineral praticada na região naquela época.


Já a cidade de Almada foi elevada a esse status muito mais recentemente, em 1973. Dentro dos limites do município existe outro núcleo urbano com o status de cidade, a região balneária da Costa da Caparica, que existe como cidade desde 2004.


Em resumo, o município (ou concelho) de Almada é dividido em cinco unidades administrativas: Almada (cidade), Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas – sede do município; Costa da Caparica (cidade); Caparica e Trafaria; Charneca de Caparica e Sobreda: e Laranjeiro e Feijó. Obviamente, estas informações enciclopédicas não fazem a menor falta para quem vai apenas visitar. Mas acho que são importantes para você saber por onde caminha quando estiver em Almada. Até porque todas essas denominações abarcam um espaço territorial bastante pequeno – para nós, que vivemos num país continental, onde Portugal caberia mais de 90 vezes.


Nas duas fotos, Almada vista a partir do Feijó



Uma das características que me atraem em Almada é sua tranquilidade de cidade interiorana, mesmo sendo vizinha da hoje agitada Lisboa e de estar na rota de uma das principais artérias de acesso ao sul de Portugal. Além disso, oferece preços para bens e serviços bem menores que os da capital portuguesa, sendo, por isso, uma opção bastante interessante, por exemplo, para quem está pensando em morar em Portugal. Tranquilidade, custo de vida menor e acesso fácil a Lisboa são atrações inegáveis.


Márcia e Luiza na ponte da Rua Dr. António Elvas sobre a Variante à N10

Vendedor de castanhas assadas na brasa



Para se chegar a Almada, vindo de Lisboa, há muitas opções. Se você optar por alugar um carro, sua opção é cruzar a Ponte 25 de Abril (falo dela daqui a pouco), num trajeto que dura cerca de 12 min fora do horário de pico. Aliás, como em toda cidade grande, é altamente recomendável evitar transitar pela ponte na hora do rush.



Pela mesma ponte passa a linha férrea. De comboio (como os portugueses chamam o trem), começando em Lisboa, na Estação Campolide, e terminando na Estação Pragal, em Almada, o trajeto é de 14 minutos.



Outra opção são os ferryboats, que saem do Terminal Fluvial Cais do Sodré, numa das áreas mais centrais de Lisboa, atracando no Terminal Cacilhas. É o trajeto em média mais rápido, de cerca de 10 minutos.



Ponte 25 de Abril

Do ponto de vista estrito da interação entre o turista e o equipamento turístico, talvez não fosse apropriado incluir aqui a Ponte 25 de Abril, já que não é possível visitá-la, além do fato de sua outra ponta estar em Lisboa. No entanto, como ela é a principal via de acesso a Almada – a outra é a travessia do Rio Tejo –, acho justo incluí-la na minha lista, mesmo lembrando que muito provavelmente ela seja reivindicada como um dos cartões postais de Lisboa. Afinal, ela é visível a partir de vários pontos da capital portuguesa.



A Ponte 25 de Abril é uma ponte suspensa rodoferroviária sobre a parte mais estreita do estuário do Rio Tejo, ligando Lisboa, na sua margem norte, a Almada, na margem sul. Ela 2.277 m de comprimento, com um patamar superior com seis pistas rodoviárias e um patamar inferior com duas linhas ferroviárias eletrificadas.


Sua construção começou em 1962 e ela foi inaugurada quatro anos depois, 1966, apenas com o tabuleiro rodoviário. O patamar ferroviário só seria inaugurado 1999. Até 1974, a Ponte 25 de Abril se chamava-se Ponte Salazar, em homenagem ao ditador António de Oliveira Salazar, que, à frente do Estado Novo, uma ditadura antiliberal, anticomunista e antidemocrática, governou Portugal com mão de ferro entre 1933 e 1968. A mudança do nome da ponte para 25 de Abril é uma homenagem ao movimento democrático conhecido como Revolução dos Cravos, ocorrido em 1974, que derrubou o sucessor de Salazar, Marcelo Caetano.



Cristo Rei

Até pouco tempo atrás era muito pouco provável que Almada constasse em algum guia turístico de Portugal, a não ser, talvez, porque é lá que fica o famoso Santuário Nacional do Cristo Rei. O famoso Santuário Nacional do Cristo Rei, monumento de 110 m de altura, inspirado no Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1959 e desde sua criação conferiu a Almada um novo status entre as atrações turísticas da área metropolitana de Lisboa. Por ser um centro de peregrinação religiosa e, por outro lado, por ser o melhor miradouro com vista para Lisboa, tem status privilegiado entre os pontos turísticos de Almada.


Foto: Deensel, 2017


Almada Forum

Embora os shopping centers não sejam exatamente meus pontos turísticos preferenciais, acredito que o Almada Forum mereça uma menção rápida. A principal razão é que ele é o maior centro comercial do sul de Portugal. Ocupa uma área de cerca de 110 mil m² e recebe cerca de 18 milhões de pessoas por ano.


Outro aspecto importante é que a construção do Almada Forum exigiu várias obras de infraestrutura e acesso, entre as quais se destaca uma ciclovia de 1,3 km ligando o shopping ao Parque da Paz, no Feijó. Além disso, após sua abertura, o Almada Forum acabou atraindo vários outros empreendimentos comerciais ligados direta ou indiretamente a ele.


Como tem sido a prática desse tipo de empreendimento ao redor do mundo, o Almada Forum oferece uma série de atividades artísticas e culturais que transformam esse imenso centro comercial num polo de atração também para quem queira um pouco mais do que roupas, calçados e cosméticos de marca.



Parque da Paz

Outro lugar que vale a pena conhecer em Almada é o Parque da Paz, no Feijó, um parque urbano com cerca de 60 há. Considerado o pulmão da cidade, o Parque da Paz fica bem no meio da cidade. Ele possui, além de amplos gramados, matas, áreas de descanso, 7 km de caminhos e um lago com 20 mil m². Uma atração a mais dentro do parque é o Monumento à Paz, do artista José Aurélio, com 40 m comprimento e 26 m de altura.



Câmara Municipal (Paços do Concelho)

O conjunto arquitetônico que une o edifício dos Paços do Concelho (Câmara Municipal), a Igreja da Misericórdia e a Santa Casa da Misericórdia de Almada começa na Praça Luís de Camões e segue pela Rua Dom José de Mascarenhas, na parte mais antiga da cidade.


O edifício da Câmara Municipal fica na confluência da Praça Luís de Camões (também conhecida como Largo da Câmara ou Praça Nova) com a Rua Dom José de Mascarenhas e a Rua Henriques Nogueira, na Almada Velha. O primeiro registro de sua existência é uma gravura do século XVII, onde é representada sua torre com aberturas para sinos, em dois pisos. Essa torre, no entanto, parece ser o que restou da Igreja de Santa Maria do Castelo, cuja menção mais antiga que se conhece consta de um documento de D. Afonso V datado de 1443. Ao que tudo indica, essa igreja foi destruída pelo devastador terremoto de 1º de novembro de 1755, e a torre, integrada ao edifício dos Paços do Concelho.


Segundo uma inscrição do sino, sua inauguração foi em 1795. O conjunto foi uma doação da rainha D. Maria I – sim, a “rainha louca”, mãe de D. João VI, que veio viver no Rio de Janeiro fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte. Pelo que mostram algumas gravuras, a forma que o prédio tem hoje foi adquirida em 1832. Foi nesse local que foi proclamada a República portuguesa, no dia 4 de outubro de 1910, a véspera da data considerada oficial.



Igreja da Misericórdia/Santa Casa da Misericórdia

Já a Misericórdia de Almada foi fundada em 1555, mas a construção da igreja se deu entre 1564 e 1566, época em que a Misericórdia passa a administrar a Albergaria de São Lázaro e o Hospital de Santa Maria instituições criadas no século anterior. Em 1755, quando ocorre o tristemente famoso terremoto de Lisboa, segundo relatos da época, a Misericórdia ficou tão destruída que apenas uma de suas pareces permaneceu utilizável, tendo sido necessário reconstruí-la quase que totalmente – obra que foi concluída em 1758. Da igreja original restaram apenas a fachada, com o portal maneirista, e o retábulo que decora a capela-mor.

Entre 1982 e 1983, uma equipe do Centro de Arqueologia de Almada descobre no interior da igreja vestígios de silos ou cisternas e forno de fundição de metais de antes do século XIV, anteriores, portanto, à sua construção. Foram encontradas também sepulturas de irmãos da Irmandade da Misericórdia, umas com lápide outras sem lápide.



Igreja de São Tiago

Presume-se que a Igreja de São Tiago, vizinha ao Castelo de Almada e ao Jardim do Castelo, seja o templo mais antigo, anterior à consagrada a Santa Maria do Castelo, que desapareceu após o célebre Terremoto de Lisboa de 1755. Localizada no Largo 1º de Maio, é de origem medieval e foi fundada no século XII, durante os primeiros anos de reconquista cristã da Península Ibérica, período de aumento demográfico e de desenvolvimento da malha urbana da Vila de Almada. Desde então, o templo sofreu numerosas intervenções, acompanhando as mudanças de gosto e mentalidade de sucessivas gerações de almadenses.


Foto: Vítor Oliveira, 2006


Em 1724, a igreja foi “reedificada” segundo as indicações do padre e arquiteto régio Francisco Tinoco da Silva, a quem pode ser atribuído o desenho do portal e também o retábulo da capela-mor, construído com pedras calcárias de diferentes cores, diferenciando cada um dos elementos de arquitetura clássica. Felizmente, a intervenção do arquiteto Tinoco, patrocinada pelo infante D. António Fernando de Bragança, irmão do rei D. João V, respeitou a abóbada de nervuras, pós-manuelina, que cobre a capela-mor, não interferindo também no corpo da nave, que manteve o revestimento integral de azulejos de padrão, da primeira metade do século XVII.


Santiago foi a igreja de Almada que menos sofreu com o terramoto de 1755. O prior da igreja, José Salgado de Araújo, nas Memórias Paroquiais de 1758, faz uma extensa descrição em que a classifica “de mediana grandeza, sem naves, toda de azulejo antigo, exceto o da capela-mor, que é moderno”. Esses painéis foram produzidos entre 1730 e 1740, descrevem dois momentos capitais da lenda de São Tiago, apresentando de um lado a trasladação do corpo de São Tiago e do outro, São Tiago combatendo os mouros na batalha de Clavijo. São um poderoso exemplo da capacidade da azulejaria em sugerir novas relações espaciais e transformar, assim, uma estrutura arquitetônica pré-existente.


Mas São Tiago não era o único santo de devoção dos almadenses. A importância das festas realizadas em honra de São João Baptista justificou a colocação, na primeira metade do século XVIII, das imagens desses dois santos no altar-mor. A capela colateral do lado do evangelho foi totalmente reconstruída no final do século XVIII, passando a incluir um novo retábulo e azulejos rococó com pequenas cartelas com emblemas da paixão, provavelmente da Real Fábrica do Rato. Do lado oposto está a antiga capela de São Miguel, onde se conserva o brasão e a lápide funerária de Julião de Campos Barreto, fidalgo que ocupou diversos postos importantes na burocracia do Estado durante o reinado de Filipe III da Espanha (II de Portugal), que reinou entre 1598 e 1621, sendo responsável, por exemplo, pelo controle das finanças das possessões ultramarinas, como vedor da fazenda do Estado da Índia.



Castelo de Almada

O Castelo de Almada tem origem árabe, sendo mencionado no século XII como Hosn al-Madan (fortaleza da mina). A sua localização, na margem sul do Tejo, em frente a Lisboa, fez dele um importante ponto estratégico durante o período da Reconquista, sendo sucessivamente ocupado e transformado.


Em 1191, uma invasão moura destruiu o castelo. Só quatro anos depois é retomado por D. Sancho I (1185-1211), que ordenou obras de reconstrução que se prolongaram pelos reinados de D. Dinis (1279-1325) e de D. Fernando (1367-1383). Nos séculos XVI e XVII ainda sofreu transformações visando a adaptação às novas tecnologias militares, e após o terremoto de 1755 foi reconstruído.


Em 1825, depois das Guerras Napoleônicas, foi desativado, voltando a ser guarnecido em 1831. Mais tarde, durante os anos de 1865 e 1866, sofreu reparos, no contexto de uma linha de defesa na margem sul do Tejo.


Atualmente, o castelo está bastante descaracterizado e abriga uma unidade militar. Mesmo assim, no seu entorno existem um jardim público e um mirante, de onde se tem uma vista magnífica sobre Lisboa e o estuário do Tejo.



Ginjal

O Ginjal é uma antiga área de empresas de pesca e navegação que mais recentemente tem perdido sua vocação industrial para se transformar numa zona de lazer. Passear nos fins de tarde por essa região, tendo sempre como pano de fundo as colinas de Lisboa na outra margem do Tejo é um programa bastante agradável. O Miradouro do Cais do Ginjal se estende desde Cacilhas, onde atracam os barcos vindos de Lisboa, até o Ginjal (onde encontram vários bons restaurantes) e, mais além, até a base do Miradouro da Boca do Vento, outra agradável região de bares e restaurantes.

A ocupação da região, no entanto, tem sido alvo de muita polêmica. Muitos entendem que desde que a movimentação de fábricas e armazéns de conserva de peixe, que empregavam centenas de trabalhadores, foram deixando o local, o Ginjal passou à condição de uma interminável fila de pequenos edifícios vandalizados e em elevado estado de degradação, servindo de lixeiras ou abrigos para imigrantes, ao longo de um passeio em mau estado, poluído e com pouca ou nenhuma segurança para os transeuntes.

Os defensores desse ponto de vista acabaram por promover a ideia de um plano de reabilitação da zona ribeirinha de Almada, que foi aprovado em novembro de 2020, com uma perspectiva de investimento de 300 milhões de euros. A ideia é criar um complexo habitacional, uma zona de comércio e serviços, um hotel com 160 quartos, equipamentos sociais e um estacionamento com 500 lugares.


Enquanto isso, ainda acho que vale a pena uma visita, sem deixar de fora o elevador panorâmico que dá acesso ao Miradouro Luís de Queiroz, também conhecido como Miradouro da Boca do Vento, que lembra o Elevador Lacerda, de Salvador. Infelizmente, soube que esse elevador está desativado atualmente, devido a atos de vandalismo.


Foto: JFCandeias


Cacilhas

Encostada ao Rio Tejo, Cacilhas é um dos principais pontos de entrada no concelho de Almada via transportes públicos: os catamarãs da empresa Transtejo/Soflusa, os autocarros (ônibus) da empresa Transportes Sul do Tejo (TST) e os metropolitanos ligeiros metropolitanos ligeiros (veículos leves sobre trilhos, conhecidos no resto da Europa como trams) da empresa Metro Sul do Tejo, da concessionária Metro Transportes do Sul (MST/MTS).


Foto: Alf van Beem, 2011


Chegando a Cacilhas, à esquerda fica a bela Rua Cândido dos Reis, salpicada de bares e restaurantes tradicionais. Já do cais é possível sentir o cheiro de peixe grelhado, pelo qual Cacilhas é famosa. Em todos os restaurantes a comida é fresca e com um preço muito bom. Recomendo chegar lá um pouco antes da hora do almoço.



Depois de almoçar, vale a pena um passeio pelos arredores. Primeiro, a Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que fica na mesma rua. A primeira menção a uma construção religiosa no local aparece em um inventário realizado em 1505 pelo Hospital de São Lázaro, que se refere à existência da Ermida de São Lázaro, para proporcionar conforto espiritual aos leprosos. No século XVII, o hospital é incorporado à Misericórdia, que cede a ermida à Irmandade de Santa Luzia. Em 1696 é fundada a Irmandade da Senhora do Bom Sucesso, que assume a ermida. Em 1755, o tristemente famoso terremoto que atingiu Lisboa destruiu totalmente a igreja, que foi reconstruída pelos moradores em 1759.


Externamente relativamente simples, é no seu interior que está uma verdadeira joia. O altar em si é ricamente decorado, mas o destaque fica para os seus azulejos, que cobrem paredes inteiras e retratam cenas da Bíblia.



Farol

Voltando para o Terminal Fluvial de Cacilhas, à direita fica o Farol de Cacilhas, torre cilíndrica com 12m de altura e 1,27 m de diâmetro, construída em ferro fundido e pintada de vermelho, com lanterna e varandim, inaugurada em 1886. Em 18 de maio de 1978, por motivos associados à construção do terminal de passageiros de Cacilhas, e também já devido à sua pouca aplicabilidade como auxiliar da navegação, esse farol foi desativado.


Em 1983, o Farol de Cacilhas ganhou uma sobrevida, tendo ido substituir o farol da Ponta da Sarreta, na Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores, que havia sido destruído por um forte terremoto. Desativado definitivamente em 2004, esse equipamento histórico foi devolvido a seu lugar de origem em 2009, tornando-se uma das atrações dessa freguesia de Almada.



Fragata Dom Fernando II e Glória

Do Farol pode-se ir caminhando até a Fragata Dom Fernando II e Glória. Trata-se do último navio de guerra inteiramente à vela da Marinha Portuguesa. Seu nome é uma homenagem ao casal real português daquela época, o rei-consorte D. Fernando II, e a rainha D. Maria II, cujo nome próprio era Maria da Glória.


Construído em Daman, então território português na Índia, por uma equipe de operários indianos e portugueses, lançado ao mar em 1843, de onde foi para Goa para ser aparelhado. Sua primeira viagem, de Goa para Lisboa, aconteceu entre fevereiro e julho de 1845.


Durante 33 anos, a D. Fernando foi usada no transporte de tropas, colonos e degredados para Angola, Moçambique e Índia, tendo percorrido cerca de 100 mil milhas. Em 1878 fez realizou sua última missão no mar, numa viagem de instrução de guardas-marinhas ao arquipélago dos Açores. Depois disso, permaneceu fundeado no Tejo, servindo como Escola Prática de Artilharia Naval até 1938, quando passou a ser utilizada como navio-chefe das Forças Navais no Tejo.


Em 1940 deixou de ser usado pela Marinha Portuguesa, sendo transformada em Obra Social da Fragata D. Fernando, uma instituição social que se destinava a albergar e a dar instrução e treino de marinharia a rapazes oriundos de famílias pobres. Em 1963, um violento incêndio destruiu grande parte do navio, ficando a D. Fernando abandonada no Tejo. Finalmente, entre 1992 e 1997, a fragata foi recuperada pela marinha e, no ano seguinte, exposto na Exposição Internacional de Lisboa de 98, em comemoração aos 500 anos dos descobrimentos portugueses, cujo tema foi “Os oceanos: um patrimônio para o futuro”. Desde então passou à condição de navio-museu da Marinha Portuguesa, estando aberto à visitação pública em Cacilhas desde 2008.


Foto: Mark Ashmann, 2012


Convento dos Capuchos

Do lado oposto a Cacilhas, a cerca de 10 km, está o Convento dos Capuchos, um antigo convento pertencente à Ordem de São Francisco, construído a partir de 1558, que fica localizado na área da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica – região que leva esse nome por ser uma elevação próxima ao litoral da Costa da Caparica, mas que não tem contato direto com o oceano, não sofrendo erosão marinha. Além de ser uma construção de interesse histórico, a partir se pode observar não só a Costa da Caparica e sua extensa costa de praias e arredores, mas também a costa de Lisboa, do Estoril e de Cascais, do outro lado do estuário do Tejo.


Em 1834, com a extinção das ordens religiosas em Portugal, o Convento dos Capuchos passou por diferentes mãos, até ser adquirido pela Câmara Municipal de Almada em 1950, aquisição a partir da qual se procedeu ao seu restauro, em 1952. Foram colocados painéis de azulejo, que têm como tema os sermões de Santo António, e o retábulo em talha, oferecido pelo diretor do Museu de Arte Antiga, de Lisboa. Atualmente, o convento funciona como sala de visitas do concelho de Almada. Lá também acontecem diversas atividades culturais promovidas pela Câmara, além de abrigar duas galerias de exposição.


Foto: Alvesgaspar, 2012


Costa da Caparica

Tradicional vila de pescadores, a Costa da Caparica se transformou, durante o século XX, na mais concorrida praia da região de Lisboa, graças à sua localização e facilidade de acesso, que atrai multidões nos fins de semana. Infelizmente, por razões profissionais, nunca pudemos ir a Portugal no verão e, portanto, nunca vivemos essa experiência. Mas podemos relatar nossa impressão sobre a beleza do lugar e sobre o que fazer por lá no inverno – que, para os nossos padrões, nunca é muito rigoroso na região metropolitana de Lisboa.


Na Costa da Caparica, a faixa de areia se estende por cerca de 25 km, o que possibilita escolher entre as praias mais frequentadas mais próximas ao seu núcleo urbano e áreas mais desertas. Neste caso, uma linha férrea – a Transpraia – faz a ligação entre as praias urbanas e a Fonte da Telha, ponto final da linha, com diversas paradas no percurso.


Nas diversas praias desse trajeto se encontram excelentes condições para a prática de esportes como o surf, o standup paddle e o vôlei de praia, além de muitos bares, que além de oferecer infraestruturas de apoio ao turista são também animados polos de diversão noturna.

Com relação à gastronomia, a opção mais indicada, claro, são os frutos do mar, com destaque para as famosas caldeiradas.



Então, vale ou não vale a pena conhecer Almada? Se não for por outros motivos, pelos menos porque é logo ali, bem na frente de Lisboa. Se você estiver considerando a hipótese de fazer economia, também pode considerar a possibilidade de se hospedar ou alugar um espaço por temporada em Almada. Garanto que vai ser uma ótima opção.





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