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Foto do escritorAlberto Moby Ribeiro da Silva

MACHU PICCHU, UMA MARAVILHA DO MUNDO

Atualizado: 2 de mar.



Nossa ida a Machu Picchu foi uma correria só. Foi a única maneira de tornar possível passar algumas horas em Pisac antes de tomarmos o trem, em Ollantaytambo, para Aguas Calientes, base para a visita a Machu Picchu. O tempo era todo contado e nada podia atrasar. E, é claro... tudo atrasou.

Como a maioria dos turistas faz, contratamos um pacote turístico que incluía uma van e dois guias. Na verdade, o pacote compreendia dois passeios do tipo bate-e-volta, tendo Cusco como base. O primeiro teve como roteiro Chinchero, Moray e as Salineras de Maras. Para o segundo estavam previstos o povoado e o Parque Arqueológico Nacional de Pisac, almoço em Urubamba e o povoado e o Parque Arqueológico de Ollantaytambo.

Como tínhamos pouco tempo, combinamos com a agência de turismo que não retornaríamos a Cusco depois da visita ao sítio arqueológico de Ollantaytambo, seguindo para Aguas Calientes. Mas no meio do passeio fomos informados de que nossa van precisaria se desviar da rota para deixar alguém num entroncamento para ser recolhido por outra van para continuar seu passeio por uma rota alternativa. Esse desvio atrasou a nossa excursão em quase uma hora.

Além disso, nossa parada para almoço no Inka's House, um restaurante de beira de estrada em Urubamba, com direito a apresentação folclórica para distrair turista, também acabou atrasando. Isso fez com que só víssemos a cidade através das janelas da van. Para fechar com chave de ouro, constatamos que, caso entrássemos no sítio arqueológico de Ollantaytambo, não teríamos tempo suficiente para ver praticamente nada, caso contrário perderíamos nosso trem para Aguas Calientes, para o qual já tínhamos comprado o ingresso antes de sair do Brasil!




No entanto, apesar dos transtornos – que merecia um barraco e uma briga feia para termos pelo menos parte do nosso dinheiro de volta –, aproveitamos tudo o que foi possível aproveitar. Além do mais, os contratempos só confirmaram o que já sabíamos de outras viagens: um bom viajante precisa estar sempre munido de algum espírito aventureiro e sentido de improviso. Viagens milimetricamente cronometradas, com uma rígida lista de pontos turísticos, souvenirs para comprar e ângulos para fotografar têm grandes chances de ser um fracasso.

Em resumo: não conhecemos nem Urubamba nem Ollantaytambo – a não ser sua estação ferroviária, onde tomamos o belíssimo (e caríssimo) trem, que faz o único trajeto para Aguas Calientes, de onde saem os ônibus para Machu Picchu. A propósito, aqui vou logo avisando que chegar a Machu Picchu exige paciência e alguma grana. Trata-se de uma verdadeira operação de guerra, apesar de o resultado final, na minha opinião, valer todo o esforço. Vamos por partes, então.



A aventura, na verdade, começa em casa, bem antes de começar a viagem. “E parte do que alguns chamam de “viajar na viagem” e que muitas pessoas que amam viajar detestam: selecionar o destino, aprender sobre ele, planejar o roteiro, antecipar passagens, estadias, ingressos etc. Por isso não são poucos os viajantes que deixam tudo nas mãos de um agente de viagens, com todos os bônus, mas também ônus, de entregar alguns dias da sua vida – em geral, os mais preciosos, os de descanso e lazer – nas mãos de um desconhecido que tem como principal objetivo ganhar dinheiro com sua falta de disposição para planejar.

Mas chega de enrolação e vamos ao que interessa. Para você ter acesso ao Santuario Histórico de Machupicchu/Parque Arqueológico Nacional de Machupicchu (denominação oficial da chamada “cidade perdida dos incas”), é preciso fazer duas coisas com alguma antecedência.

A primeira é verificar a disponibilidade de vagas para entrar no sítio arqueológico no dia em que você pretende visitá-lo, reservar sua entrada, caso a data e horário que você deseja esteja disponível e efetuar o pagamento. Tudo isso deve acontecer pela internet, através do site Machu Picchu Terra.


A segunda é reservar a passagem de trem até Machu Picchu Pueblo (nome oficial do povoado de Aguas Calientes), de onde partem os micro-ônibus para a cidade sagrada dos incas. Há duas empresas concorrentes e complementares que fazem esse serviço: a Inca Rail e a Peru Rail. Há várias opções de ponto de partida, de horário e de preço, que varia de acordo com o nível de conforto, as comodidades e o horário de saída. Mas já vou avisando que os preços são salgados: no momento em que eu escrevo esta postagem, a passagem mais barata (só de ida) da Peru Rail custa US$ 50,00 e a mais em conta da Inca Rail, US$ 54,00. Por outro lado, também é preciso dizer que os trens são de alto padrão, confortáveis, com serviço de bordo e, os mais caros, com vista panorâmica.


Trem Vistadome, da Peru Rail e, abaixo, uma das muitas paisagens de cartão postal que ele permite apreciar


Caso você opte por composições mais sofisticadas, com vista panorâmica e serviço de bordo, o preço aumenta. Por outro lado, quanto mais tarde for a hora da sua partida, maiores são as chances de o preço baixar. Por isso é importante analisar com cuidado os vários modelos de trem, do mais simples ao mais sofisticado e a hora em que você pretende sair. Se você optar por um trem da Inca Rail, o único ponto de partida é a estação de Ollantaytambo – também chamada de Valle Sagado. Se optar pela Peru Rail, você pode optar por começar a viagem em Cusco, Urubamba ou Ollantaytambo.


Na verdade, se você optar por Cusco, há dois pontos de partida: San Pedro, a cerca de 6km do centro, e a localidade de Poroy, a 31km. Qual das duas estações, vai depender do horário de partida do trem. O trajeto dura entre três e quatro horas.


Como disse acima, nós optamos por sair de Ollantaytambo porque estava em nossos planos conhecer o famoso sítio arqueológico localizado nessa cidade, o que acabou não acontecendo. O percurso é de 30km, mas a viagem dura cerca de 1 hora e meia.

Caso queira conhecer o povoado ou o Parque Arqueológico de Ollantaytambo (foto abaixo, do site Viajando na Janela), há uma linha de ônibus desde Cusco, além de vans que fazem o trajeto. Como nós não tínhamos contratado serviço de transfer de volta para Cusco, pretendíamos voltar de ônibus. Mas esperamos tanto que acabamos decidindo tomar um taxi. Por sorte, encontramos um casal de brasileiros também cansados de esperar e – mais sorte ainda –, um taxista que tinha vindo trazer alguém e iria voltar sem passageiros.



O percurso de Urubamba a Aguas Calientes é de 50km, que são feitos em cerca de duas horas e meia. Pelo que li de quem já fez o caminho, o trajeto é encantador, com paisagens magníficas.


É importante lembrar aqui que uma outra forma de se chegar até Machu Picchu é ir a pé. É bastante grande o número de trilheiro que têm como um de seus projetos percorrer a chamada Trilha Salkantay ou Trilha Inca (fotos do site Mit Viajes abaixo), de Cusco até Machu Picchu. Essa é uma das rotas de trekking mais famosas no mundo, admirada pelos amantes da natureza. São, no mínimo, 42km percorridos em dois ou quatro dias.




A vantagem de fazer o trajeto em quatro dias é poder conhecer outros sítios arqueológicos no caminho e ver paisagens muito bonitas. No entanto, para chegar a Machu Picchu pela trilha é necessário fazer reserva e estar acompanhado de mais uma pessoa. Mas é preciso ter em conta que além do bom preparo físico, há também gastos com refeição, hospedagem e guias.


Chegando a Machu Picchu Pueblo/Aguas Calientes ainda há uma etapa a vencer. É preciso comprar com antecedência o ticket para o micro-ônibus que leve até a montanha onde fica o sítio arqueológico. Esse é o único meio de transporte até a Cidade Perdida. Aliás, é um espetáculo à parte – e também uma aventura – o percurso até o alto. A estrada é estreita, sem calçamento em alguns trechos, tendo à direita um barranco e à esquerda o precipício.


É possível comprar a passagem no próprio guichê da empresa – mas não deixe para em cima da hora! A quantidade de turistas que sobe a todo momento para visitar Machu Picchu é imensa. E todos têm hora marcada, o que obriga todos a fazer o percurso até o alto, de cerca de meia hora, num horário que coincida com sua hora de ingressar no sítio arqueológico. Por isso, é altamente recomendável que você compre o seu ticket com antecedência. No mesmo site em que você compra o ingresso para o sítio arqueológico é possível comprar também a passagem de ônibus, que é de ida e volta, no valor (salgadinho) de US$ 12,00.

 

Águas Calientes é um povoado bastante simpático e, como não podia deixar de ser, com uma boa infraestrutura para receber turistas. Embora sua principal atividade seja, obviamente, o turismo, ainda mantém um ar de aldeia do interior que a torna bastante tranquila, apesar do entra-e-sai de turistas a caminho ou de volta de Machu Picchu. Um dos fatores que contribuem para essa calma é o fato de não existirem carros em Aguas Calientes, exceto os micro-ônibus que levam os visitantes até Machu Picchu.


Recomendo chegar lá à tarde, passar a noite por lá e subir a montanha na manhã seguinte. Acredito que essa seja a melhor forma aproveitar o passeio: depois de uma boa refeição (há muitas opções gastronômicas em Aguas Calientes), uma noite de sono tranquilo e com o corpo relaxado. Afinal, Machu Picchu está encravada no alto de uma montanha e vai ser preciso subir muitas rampas e escadarias para tirar o melhor proveito do passeio.


Chegamos lá à noitinha e com tempo chuvoso. Imagina o medão que bateu, já que só tínhamos o dia seguinte para visitar Machu Picchu.


Estação ferroviária de Machu Picchu Pueblo

Ponte no encontro dos rios Urubamba e Aguas Calientes

Rio Urubamba correndo por trás do modesto Adela's Hostal, onde nos hospedamos

Escultura entalhada na pedra no leito do rio Aguas Calientes, com o Mercado de Artesanía ao fundo


Pronto! Você venceu todas as barreiras e conseguiu chegar incólume à Velha Montanha! Agora é hora de apreciar sua beleza deslumbrante, sua incrível arquitetura e de ficar imaginando como e por que viver em um lugar tão alto, lá no topo do mundo. E tentar adivinhar que razões políticas, militares, culturais ou religiosas levaram à construção de Machu Picchu, a viver nela e, depois, a abandoná-la. Sejam quais forem as respostas que você imaginar, vai ser difícil não se encantar e não se emocionar.


O Parque Arqueológico de Machupicchu é um espaço natural e cultural com uma área de 37.302ha. É uma das áreas de maior biodiversidade do Peru e abriga mais de sessenta monumentos arqueológicos articulados por uma complexa rede de estradas incas, do qual a Cidade Perdida é apenas uma parte, embora seja seu monumento mais importante.




A llaqta (cidade) inca de Machu Picchu foi planejada e construída por volta do ano 1400. Sua construção exigiu a participação de especialistas em arquitetura, engenharia e astronomia, além de uma grande quantidade de mão de obra. Mais de 50% do esforço necessário à sua construção foi utilizado na preparação do terreno, fundações e sistema de drenagem. A sua construção responde à necessidade do Estado inca de ter um centro religioso, político e administrativo dentro de um espaço sagrado considerado o elo entre a Cordilheira dos Andes e a Amazônia. Por isso Machu Picchu é considerada pelos peruanos como o legado mais importante da civilização inca para a humanidade.









Para conhecer em detalhes os pontos mais importantes da cidadela de Machu Picchu, veja o site Machu Picchu Viagens. Minhas fotos podem dar uma pálida ideia do que é esse local misterioso e encantador, mas elas não chegam nem perto do que é ver essas imagens ao vivo, no local. Vale a pena a subida, valem os perrengues e os preços altos.

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