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Foto do escritorAlberto Moby Ribeiro da Silva

SANTIAGO DO CHILE: UM POUCO DE VINHO & ARREDORES

Atualizado: 6 de jul. de 2023

Nesta segunda parte falo sobre minha singela experiência como visitante de três vinícolas chilenas, uma bem pertinho do centro de Santiago e duas um pouco mais distantes, mas não tanto que não se possa ir e voltar no mesmo dia e ainda ter tempo para realizar outras atividades na capital chilena. Em seguida, dou algumas sugestões de passeio perto de Santiago para os mais variados gostos.


VINÍCOLAS

Imagino que qualquer pessoa que se disponha a viajar para Santiago sabe que o Chile é um grande produtor de vinho. Não apenas isso, mas que também, entre as muitas opções de vinho, algumas marcas são de excelente qualidade. Seja para o iniciante, seja para conhecedores, existe sempre uma boa opção de vinho chileno.

Do ponto de vista do turista – principalmente do não especialista, que começou há pouco tempo a se interessar por essa bebida tão charmosa –, conhecer de perto uma vinícola, suas técnicas de cultivo, produção e armazenamento, poder degustar vinhos de castas, safras e preços diferentes é um dos pontos altos de um roteiro turístico no Chile. Ao mesmo tempo, a fama desses vinhos tem feito com que as vinícolas caprichem não apenas em mostrar aos visitantes seus vinhedos e suas técnicas de fabricação e armazenamento dos vinhos, mas também no visual de suas instalações. Muitas delas têm jardins encantadores, prédios ao estilo colonial, pequenos museus ligados ao vinho ou a aspectos da cultura chilena e andina etc.

Ou seja: visitar uma vinícola não é mais apenas um programa para quem é apreciador de vinho, como para qualquer pessoa que esteja a fim de um dia agradável, com lindas paisagens e acréscimo à sua bagagem cultural. O bom disso tudo é que muitas vinícolas de interesse ficam próximas a Santiago, sendo a Viña Concha y Toro a mais famosa de todas. Foi exatamente sua fama – que atrai multidões de turistas – que nos fez optar por visitar outras vinícolas não tão famosas. Dou aqui três sugestões, com base única e exclusivamente na nossa experiência, mas existem várias outras opções, que uma boa pesquisa na internet pode sugerir.


VIÑA SANTA RITA

Entre as alternativas de vinícolas que tínhamos, a primeira que optamos por conhecer foi a Viña Santa Rita. Segundo o material de divulgação da vinícola, visitar a Viña Santa Rita é uma fascinante viagem pelo patrimônio cultural do Chile e pela tradição do vinho chileno, a apenas 45 minutos de Santiago, com o que concordo plenamente. Localizada na zona de pré-cordilheira do Alto Jahuel, em Buin, a cerca de 38 km de Santiago, a vinícola está rodeada por uma paisagem natural única, onde convivem a tradição vitivinícola, a história do Chile, a cultura e a gastronomia.

Este ano, a World’s Best Vineyards, academia criada pelo organizador do reconhecido concurso International Wine Challenge, William Reed, incluiu em sua lista das 100 melhores vinícolas do mundo no quesito enoturismo onze vinícolas chilenas, tendo a Santa Rita ocupando o 28º lugar do ranking geral, além de ter sido escolhida como a vinícola preferida para se visitar na Região Metropolitana de Santiago. Este reconhecimento se soma ao concedido pela TripAdvisor, que classificou a Viña Santa Rita dentre os 10% de destinos mais populares do mundo.

O que não falta na Viña Santa Rita são atrações, até mesmo para pessoas que não tenham vínculos fortes com o vinho. Lá o visitante encontra, por exemplo, o casarão Doña Paula, onde hoje está um restaurante que presta homenagem a Paula Jaraquemada, que há mais de 200 anos, nas jornadas pela independência do Chile, deu abrigo nesse lugar para 120 revolucionários; as adegas históricas da vinícola, construídas no século XIX com a mistura de cal y canto (cal, pedras e clara de ovo); o atual Hotel Casa Real, casarão construído em 1880 e residência de verão do fundador da vinícola; um parque centenário de 40 ha e uma capela de estilo neogótico.

Mas, para mim, a cereja do bolo é o Museo Andino da Fundación Claro Vial, que exibe mais de 3.000 peças de coleções arqueológicas e etnográficas de povos pré-colombianos que habitavam o Chile.

Ao longo da vida, o megaempresário Ricardo Claro e sua mulher, María Luisa Vial de Claro, reuniram mais de 3 mil objetos representativos do passado chileno e americano, que foram agrupando segundo cada cultura. Em 2006, o casal doou sua coleção à Fundación Claro Vial, que a colocou à disposição da comunidade em um museu aberto à comunidade e de acesso gratuito, que funciona de terça a domingo, das 10:30 às 17h.

O roteiro do museu permite conhecer o passado pré-colombiano do Chile e suas etnias originárias, exibindo objetos representativos das várias culturas chilenas, além de peças têxteis e de ourivesaria pré-colombianas da América Central e do Sul.

Na entrada do Museo Andino, com a chilena Marta Cid, minha amiga desde o tempo em que se escreviam cartas e se construíam amizades por correspondência


VIÑA UNDURRAGA

A Viña Undurraga, assim como as demais, oferece uma visita guiada com degustação ao final, tendo como bônus o museu Gente de la Tierra Mapuche/Andino, sobre o qual eu já havia comentado no começo deste post. Por ser menos conhecida e de menor porte, me parece um passeio até mais interessante, já que as chances de você ter mais tempo e mais atenção dos guias também é maior.

O passeio começa pelo seu belo jardim, criado pelo paisagista francês George Henry Dubois, o mesmo criador do Parque Forestal. Em seguida, o visitante é levado até ao Rincón Aliwen, lugar onde foi recriada parte da vegetação própria do sul do Chile, com o objetivo de homenagear os mapuches, principal povo originário chileno.

O passo seguinte é uma visita ao vinhedo, onde o visitante conhece os solos por meio de uma calicata – corte vertical feito no solo, que funciona como uma “vitrine” para que seja possível observar e analisar os minerais que ele contém. Através dessa incisão é possível identificar as diferentes cepas cultivadas pela Viña Undurraga. Em seguida, em um “jardim de variedades”, o visitante é apresentado aos vários tipos de uva cultivados pela vinícola e, em seguida, como se dá o processo de vinificação dos distintos vinhos.


Na parte final do passeio, somos levados a conhecer as bodegas subterrâneas da vinícola, onde há mais de um século se armazena o vinho.

Finalmente, somos conduzidos ao pequeno museu Gente de la Tierra Mapuche/Andino, que mostra a vida e a arte mapuche e pré-colombiana.

O tour se encerra com a degustação de três vinhos reserva, quando o visitante ganha uma taça como souvenir.

Obviamente, assim como as demais vinícolas, a Viña Undurraga tem uma loja onde são vendidos os seus produtos: além dos vinhos e espumantes, taças e lembranças, e isso é parte essencial do projeto empresarial de cada uma delas, muito para além do desejo de apresentar a arte do cultivo do vinho ou a história do lugar ou do Chile. Mesmo assim, é difícil resistir à tentação.

Um detalhe importante é que a visita precisa ser agendada com pelo menos 24 horas de antecedência. Reservas se deben realizar con al menos 24 horas de anticipación. Há diversos tipos de visita, que variam, de acordo com o tipo de atração e com a duração.

VIÑA AQUITANIA

Nossa terceira sugestão é a Viña Aquitania, a menor das três – mas não a menos charmosa. Trata-se, na verdade, de uma vinícola butique, aos pés da Cordilheira dos Andes, no Valle del Maipo Alto, dentro da cidade de Santiago, voltada para a produção de vinhos de alta qualidade em quantidades limitadas.

A origem dessa pequena vinícola, na verdade, é francesa. Em 1984, Bruno Prats e Paul Pontallier, dois conhecidos agrônomos enólogos da região francesa de Bordeaux, começaram a buscar no Chile um terroir de grande qualidade para criar um vinhedo original. Para isso, os dois se associaram a um amigo comum, o chileno de ascendência francesa Felipe Solminihac, também agrônomo enólogo.

Em 1990, o trio adquiriu 18 ha na região de Peñalolen, ainda dentro dos limites da cidade de Santiago, no sopé da Cordilheira dos Andes, na região conhecida como “Quebrada de Macul”, bem no coração histórico do Valle del Maipo. As primeiras plantações se iniciaram com uvas Cabernet Sauvignon de origem francesa, mas já presentes no Chile desde o final do século XIX, mas construção da adega só foi concluída em 1993. Em janeiro de 2002 mais um francês, o agrônomo Ghislain de Montgolfier, da região de Champagne e velho amigo dos fundadores, se torna o quarto sócio desse empreendimento.

Ao visitar a Aquitania, o turista tem a oportunidade de observar o processo completo de produção de vinhos desse empreendimento, que, embora utilize equipamentos modernos, conserva a tradição dos processos artesanais.

A visita começa em um mirante estrategicamente localizado na entrada da vinícola, de onde se tem uma vista panorâmica privilegiada do vinhedo. Em seguida, o visitante é levado a percorrer o vinhedo e, neste caso, é importante levar em consideração a época do ano. No caso do Chile, a época das uvas maduras é março. Nossa visita foi feita em janeiro, mas nem por isso a paisagem era menos encantadora ou a plantação menos bonita.

Na terceira etapa da visita, o turista conhece a adega de vinificação e a sala do tanque, a sala das barricas, a adega de armazenamento de garrafas e o setor de e rotulagem etiquetamento manual das garrafas.

A visita termina com uma degustação, que é feita em um pequeno, mas belíssimo jardim. Nossa experiência na Viña Aquitania, na verdade foi única. Por mera sorte, termos sido os únicos visitantes daquele dia, e por isso recebemos um tratamento privilegiado e doses generosas de seus vinhos para degustar

Além disso, fomos recebidos por um dos proprietários, que nos informou que a Aquitania não vende seus vinhos para grandes distribuidoras nem para supermercados. Pelo que entendi, o objetivo da empresa é se manter como produtora de vinhos mais sofisticados e em pequena quantidade. No caso do Brasil, segundo ele, apenas uma única vinoteca na cidade de São Paulo (da qual não recordo o nome) comercializa seus vinhos.

Ou seja, nossa limitada experiência com as vinícolas perto de Santiago não poderia ter

fechado uma visita melhor que na Aquitania.


PERTO DE SANTIAGO

Santiago fica na região central desse país estreito e longilíneo. Por ser a capital do país, sua maior e mais populosa cidade e por estar literalmente no meio do país, não há melhor ponto de partida para quem quer conhecer o resto do país, que tem quase 5.000 km de extensão no sentido norte-sul, mas apenas cerca de 400 km na sua faixa mais larga no sentido leste-oeste. Por isso, o mais recomendável é que, numa primeira visita ao Chile, depois de conhecer Santiago, você não vá muito longe, já que ainda há várias atrações por perto.

Isso sem contar que sempre há algo para conhecer na própria Santiago. Aqui mesmo eu já mencionei alguns lugares que não pude conhecer, que passei apenas de passagem ou que gostaria de ter conhecido, como o Centro Cultural La Moneda; o Museo Chileno de Arte Precolombino; o Teleférico Santiago; vinícolas como a Concha y Toro e a Cousiño Macul; bairros charmosos como o París-Londres e o Lastarria; a famosa La Chascona, casa onde viveu o poeta Pablo Neruda, ganhador do Nobel de Literatura em 1971; o Parque Bicentenario; o Parque Araucano...

Minhas sugestões aqui são meramente aleatórias, não têm ordem de importância, proximidade geográfica, têm mais a ver com nossa experiência pessoal ou indicação de nossos amigos. Meu único critério foi o de não estarem a mais de 2 horas ou 150 km de distância de Santiago. Então, vamos a elas.


CAJÓN DEL MAIPO E EMBALSE EL YESO

Cajón del Maipo é uma bela região a 100 km de Santiago, formada por um cânion na Cordilheira dos Andes, que é cortado pela bacia do Rio Maipo, o mais importante da região. Seguindo o curso do Rio Maipo no sentido sudeste, saindo pela comuna de La Florida, a 60 km de Santiago, você chega a San José de Maipo, a capital da comuna. Neste lugar, rodeado de montanhas nevadas, o visitante encontra restaurantes, cabanas para hospedagem, spa, camping e rios para se praticar esportes de aventura como trekking, alpinismo e pesca esportiva.

A 50 km de San José, entrando pela Cordilheira dos Andes, você chega ao Embalse El Yeso e ao Glaciar San Francisco, onde, além das atividades esportivas, outra atração é a culinária local. A rota, que pode ser realizada em um dia ou com pernoite, convida a fazer paradas pelo caminho, por isso se recomenda alugar um veículo. No entanto, não é recomendável dirigir no inverno, já que há uma série de exigências de segurança – como o uso de correntes nas rodas do veículo – que quem não está acostumado a dirigir na neve certamente terá dificuldades em cumprir. Além disso, um trecho significativo da estrada é de terra.


TERMAS DEL PLOMO

A partir do Cajón del Maipo, outra opção imperdível são as Termas del Plomo, conjunto de piscinas naturais provenientes do vulcão San José. Estão em um lugar paradisíaco, a uma altitude aproximada de 2.900 m, cercado pelas montanhas nevadas dos Andes. São consideradas as piscinas naturais mais rústicas de todas as termas na região do Cajón del Maipo.

O acesso a elas se dá a partir de San José de Maipo e vale a pena alugar um carro para fazer a rota. Embora não estejam muito longe de Santiago, o percurso pode ser longo e pesado devido às condições do caminho, razão pela qual talvez valha a pena planejar o passeio para um dia. Outra opção é acampar na região, mas neste caso é conveniente levar roupa de frio, inclusive no verão, já que, devido à altitude, a temperatura baixa muito durante a noite. Além disso, é necessário levar provisões, já que não há comércio ao redor. Detalhe importante: em parte significativa do trajeto, a estrada é de cascalho.

É possível chegar de transporte público até San José de Maipo. Há uma linha de ônibus, a Metrobus 72, que sai do terminal de ônibus interurbanos na estação Bellavista La Florida. Mas de lá, caso você não esteja em veículo próprio, será preciso contratar uma excursão.

É importante dizer que, devido às condições de acesso, muitos turistas acabam convencidos de que o sacrifício da visita não vale a pena.


POMAIRE

Esse pequeno e encantador povoado de artesãos fica na comuna de Melipilla, a 50 km a sudoeste de Santiago. Lá você encontra uma grande variedade de produtos chilenos feitos a mão com base na greda, um tipo de argila arenosa, em geral branco-azulada, usada principalmente para absorver gordura e na fabricação de cerâmica. A Calle Roberto Bravo é o lugar onde os oleiros (alfareros) locais se oferecem seus produtos: vasilhas, acessórios, enfeites e artigos decorativos.

Outra atração local é a famosa empanada de medio kilo, normalmente saboreada junto com o asado de carne y prietas – uma espécie de chouriço, entre outros pratos típicos da região, que têm, além disso, a vantagem de ser muito bem servidos e bastante econômicos.


ISLA NEGRA

Para quem ama poesia, outra visita imperdível é Isla Negra, onde está uma das três casas do grande poeta Pablo Neruda – as outras duas são “La Chascona”, no Barrio Bellavista, em Santiago, e a “La Sebastiana”, sua casa de veraneio, em Valparaíso. Na casa de Isla Negra, em particular, a mais antiga das três, ele construiu o espaço que daria inspiração para uma grande parte de sua obra. É um balneário a 115 km de Santiago e que guarda os maiores segredos do poeta. Convertida em um museu, a incrível casa de Neruda está aberta ao público o ano inteiro, das 10 às 18h. Além disso, a cidade tem uma feira de artesanato e belíssimas paisagens oferecidas pelo Pacífico.


PARQUE YERBA LOCA

Acerca de 50 km de Santiago, no sentido nordeste, fica o Parque Yerba Loca, lugar ideal, caso você queira viver a aventura das colinas dos Andes cercadas de neve. Esse santuário para os amantes da natureza oferece passeios a cavalo, observação de aves, escalada, mountain bike e trekking.

De lá ainda há a possibilidade de uma visita guiada ao glaciar La Paloma, a 18 km do parque. O ideal seria acampar na região, e neste caso é aconselhável você reservar um espaço no camping.


VALPARAÍSO E VIÑA DEL MAR

Essas duas cidades ficam a apenas 8,5 km de distância uma da outra, e ambas, a cerca de 120 km de distância de Santiago. Por isso, são destinos praticamente certos para quem visita a capital chilena. As duas são cidades balneárias e, além do mais, é uma boa oportunidade para o turista brasileiro ter um primeiro contato com o Oceano Pacífico.

Particularmente, nosso passeio a Valparaíso e Viña del Mar, apesar de muito divertido, foi bastante tumultuado. Na verdade, passamos apenas uma virada de ano lá, em companhia de um casal de amigos chilenos, Marta e Marco. Chegamos à tardinha de um 31 de dezembro e voltando nas primeiras horas do dia 1º de janeiro, assim que as comemorações do Ano Novo deram uma esfriada. Os comentários que faço aqui são baseados nas observações de outros viajantes e servem mais como um reto (um desafio, em espanhol) para nós mesmos em uma próxima viagem.

Valparaíso (acima) e Viña del Mar (abaixo), duas irmãs muito diferentes

Antes de mais nada, é preciso decidir se você vai em veículo próprio, numa excursão ou de ônibus. Supondo que escolha o transporte público, mais barato, você deve pegar um ônibus no terminal de ônibus Alameda de Santiago (Terminal de Buses Sur), que fica ao lado da estação Universidad de Santiago. Há duas empresas que fazem o trajeto: a Turbus e a Condor, ambas com várias saídas diárias. Você pode optar por começar o passeio por Valparaíso ou por Viña del Mar. Em ambos os casos, a viagem dura cerca de 2 horas.

Supondo que você comece por Valparaíso, é bom saber que a história dessa cidade sempre esteve ligada à atividade portuária. A cidade foi fundada com o objetivo de ser um porto de entrada para as pessoas e mercadorias que circulavam por Santiago, a sede da então colônia espanhola. Santiago foi fundada em 1541 e Valparaíso, em 1544. Ainda hoje, o porto de Valparaíso é o principal do Chile.

Para ocupar sua estreita faixa de terra, as muitas pessoas que começaram a se mudar para lá foram obrigadas a ocupar as colinas. O acesso dos moradores e turistas aos seus 43 morros se dá através dos famosos elevadores funiculares, que acabaram se tornando um dos principais pontos turísticos da cidade. Dois dos morros mais famosos são o Cerro Alegre e o Cerro Concepción. Esses lugares estão repletos de praças, escadarias, vielas e belos mirantes para o mar. A conservação dos elevadores e autenticidade mantida nessa e em outras características dessa cidade, como a arquitetura, fizeram com que a cidade fosse considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

A cidade manteve, no decorrer desse tempo, sua relação de interação com a baía e também o seu aspecto de anfiteatro, com as construções nas colinas e debruçadas sobre o mar. Mas uma das suas mais famosas características, são seus grafites. A propósito, é um verdadeiro ateliê a céu aberto, atraindo muitos artistas performáticos, pintores, músicos e escritores. Circular por suas ruas e ladeiras é visitar esse museu ao ar livre.

Homenagem à cantora, compositora, poeta e artesã chilena Violeta Parra, falecida em 1967


Apesar da proximidade entre as duas cidades – distância que você pode em uma simpática linha de metrô de superfície (abaixo) –, o espírito de Viña del Mar é bastante diferente do de Valparaíso. Se Valparaíso é cheia de ladeiras e debruçada sobre o mar, Viña del Mar é plana, embora também tenha o mar como referência. Valparaíso é antiga e até um pouco suja, enquanto Viña del Mar é moderna e com um ar bastante clean, até meio elitista. A diferença entre as duas vizinhas é tão grande que durante a nossa visita – estávamos na contagem regressiva para a virada do ano – a impressão foi a de que, enquanto Valparaíso estava em festa, Viña del Mar vivia um tranquilo dia de domingo ou, no máximo, um sonolento feriado.

No entanto, para não ser injusto, volto a lembrar que, por estarmos num clima pré-réveillon, a impressão que tivemos é de que, das duas cidades, o lugar que concentraria todas as atividades comemorativas, com queima de fogos, shows ao ar livre e, claro, circulação de turistas era Valparaíso. Provavelmente por isso Viña del Mar estivesse tão tranquila.

De qualquer forma, trata-se de uma bela cidade, que vale a pena conhecer com mais calma. Vale destacar suas praças e avenidas floridas e cheias de palmeiras

Viña del Mar vista do alto de um dos cerros de Valparaíso

O famoso relógio de flores de Viña del Mar

Av. Sucre

Jardineiras suspensas na Puente Libertad

Plaza José Francisco Vergara


Como nosso tempo era escasso e estávamos a poucas horas da virada do ano, voltamos para Valparaíso e para o espírito de festa. Mas, de qualquer forma, ficamos devendo às duas cidades uma visita mais demorada e mais atenta.

Vendedores na Plaza de Los Héroes de Iquique e nas calçadas esperando os turistas e locais com apetrechos para a virada do ano

Plaza de los Héroes de Iquique na expectativa da virada do ano


ESTAÇÕES DE ESQUI

Se um de seus objetivos ao viajar é curtir as estações de esqui próximas a Santiago, então o melhor período para marcar sua viagem é entre o final junho e o início de outubro, embora seja sempre prudente consultar as condições do tempo porque a quantidade de precipitação de neve pode variar muito de uma estação de esqui para outra e também de ano para ano.

De qualquer maneira, tenha em mente de que será muito pouco provável que você veja neve – pelo menos nessa região – fora desse período. Isso não quer dizer que a paisagem deslimbrante, a boa comida e o ar puro não estejam lá fora dessa época. Mas seria bastante frustrante esperar encontrar neve e ela faltar ao encontro.

As estações de esqui mais próximas de Santiago são o Valle Nevado, 66 km na direção nordeste, Farellones, a 57 km na mesma direção, El Colorado, cerca de 6,4 km mais ao norte, e La Parva, 1 km mais acima. O Valle Nevado é o mais indicado para quem deseja realmente se aventurar nos esportes de neve, como o esqui e snowboard. Já Farellones e El Colorado são indicadas para os iniciantes ou para quem quer apenas ter o primeiro contato com a neve e brincar com ela. Em todos os casos, é possível fazer um passeio de um dia, subindo os Andes no início da manhã e retornando no fim da tarde, Mas também é perfeitamente possível se hospedar num desses locais e dormir algumas noites na região vendo a neve cair pela janela no calorzinho de um quarto com calefação.

Foto: Alfredo Cofré

Existem muitas empresas de turismo e transfer que fazem o transporte entre Santiago e as estações de esqui, mas se você deseja fazer seu próprio horário, pode valer a pena alugar um carro. Embora alugar um carro seja indicado para quem viaja com mais pessoas, lembre-se de que, como eu já disse antes, dirigir em estradas com neve exige um cuidado especial e seguir certas normas e regras, que incluem, por exemplo, o uso de correntes nas rodas. Além disso, os caminhos até essas estações são bastante sinuosos, o que exige ainda mais atenção e cuidado.

No mapa ao lado, a região da Grande Santiago e arredores, por onde passaram esta postagem e a anterior. Meio caótica, essa viagem bloguística a Santiago talvez revele a profusão de sentimentos e ideias que eu costumo ter sobre a capital chilena. Gostaria de voltar lá com mais frequência, mas o mundo é tão grande e a vida tão curta... Há tantos outros lugares para conhecer... De qualquer forma, espero que meu entusiasmo por Santiago del Nuevo Extremo (nome original da cidade), atual Santiago de Chile – ou simplesmente Santiago – contamine você que ainda não conhece essa cidade tão encantadora.

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